INÍCIO DA FOTOGRAFIA NO BRASIL
Em 1839, o Diário do Commercio, do Rio de Janeiro, noticia a invenção do DAGUERREÓTIPO (imagens obtidas com um aparelho capaz de as fixar em placas de cobre cobertas com sais de prata), primeiro aparelho a fixar a imagem fotográfica, também o primeiro processo fotográfico reconhecido mundialmente, criado pelo francês LOUIS-JACQUES MANDÉ DAGUERRE (1787-1851). No ano seguinte são feitas as primeiras fotos...A fotografia chegou no Brasil no dia 16/01/1840, pelas mãos do abade LOUIS COMPTE, capelão de um navio-escola francês (corveta franco-belga L’Orientale) que aportou de passagem pelo Rio de Janeiro.
Ele trouxe a novidade de Paris para a cidade, introduzindo a DAGUERREOTIPIA no país. Realizou 3 demonstrações do funcionamento do processo e apresentou o daguerreótipo ao imperador D. Pedro II. Foi a primeira demonstração no Brasil e na América Latina!
Deve-se imaginar quanto seria enriquecedor se pudéssemos conhecer o que teriam dito nos poucos corredores solenes da capital do Império, os que viram as primeiras exposições de 17/01/1840, no Hotel Pharoux, no Largo do Paço, quando se depararam com o requinte daquela modernidade: a fotografia.
Abaixo (lado esquerdo), cartão-postal da primeira metade do século XX, sobre o Jornal do Commercio. Lado direito: foto de Louis Compte, Rio de Janeiro (1840) – 1º DAGUERREÓTIPO tirado na América do Sul.
“É preciso ter visto a cousa com os seus próprios olhos para se fazer idéia da rapidez e do resultado da operação. Em menos de 9 minutos, o chafariz do Largo do Paço, a Praça do Peixe e todos os objetos circunstantes se achavam reproduzidos com tal fidelidade, precisão e minuciosidade, que bem se via que a cousa tinha sido feita pela mão da natureza, e quase sem a intervenção do artista” (trecho do Jornal do Commercio, de 17/01/1840).
O cronista do Jornal Diário registrou a facilidade com que era possível obter “a representação dos objetos de que se deseja conservar a imagem...”, e seguiu narrando as proezas do vistoso instrumento que em poucos nove minutos registrara o chafariz do Largo do Paço, a Praça do Peixe, o Mosteiro de São Bento, “... e todos os outros objetos circunstantes se acharam reproduzidos com tal fidelidade, precisão e minuciosidade, que bem se via que a cousa tinha sido feita pela própria mão da natureza, e quase sem intervenção do artista.”
Rio de Janeiro (1840). Autor desconhecido...
Muito pouco se conhece até hoje, de amadores que naqueles primeiros anos teriam praticado a DAGUERREOTIPIA e os processos subsequentes aqui no Brasil. O Imperador, teria sido um dos primeiros brasileiros...
Em 21/01/1840, D. Pedro II (aos 14 anos de idade), entusiasmado com a nova invenção apresentada por Compte, encomenda um equipamento de DAGUERREOTIPIA em Paris. Em março de 1840, adquiriu um aparelho, comprando-o diretamente de Felicio Luzaghy, por 250 mil réis, possivelmente a primeira máquina desta arte em mãos brasileiras.
Tornou-se assim, o primeiro fotógrafo brasileiro com menos de 15 anos de idade! Mais tarde, já um grande colecionador e um verdadeiro mecenas dessa arte, atribuiu títulos e honrarias aos principais fotógrafos atuantes no país. Promoveu a arte fotográfica brasileira e difundiu a nova técnica por todo o país.
O maior e mais diversificado acervo de fotografia oitocentista constituído por um particular é, justamente, a coleção que foi reunida durante vários anos pelo Imperador D. Pedro II. Oficialmente, ele é considerado o primeiro deguerreotipista brasileiro; fazia imagens de paisagens e de pessoas.
Abaixo, cartão telefônico emitido pela Telebrás com o retrato de D. Pedro II (quadro do Museu Imperial de Petrópolis, Rio de Janeiro).
No mesmo ano, em 1840, o americano AUGUSTUS MORAND (1815-1862) produz as primeiras fotos da Família Real e do Palácio de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Foi possivelmente o primeiro fotógrafo a retratar o imperador Pedro II.
Em fins de 1842, montou um estúdio no salão 52, do segundo andar da casa nova do Hotel Pharoux, no largo do Paço, ainda que temporário e improvisado, foi provavelmente o primeiro estúdio de fotografia do Brasil.
A partir de maio de 1843, este mesmo salão seria ocupado por J. D. DAVIS, consolidando a vocação fotográfica do hotel que, por sua localização estratégica (situava-se diante do Paço Imperial), acabou recebendo diversos outros DAGUERREOTIPISTAS itinerantes que passaram pela Corte no mesmo período.
De retorno à sua cidade natal, nos Estados Unidos, Morand tornou-se em 1851, presidente da Associação da DAGUERREOTIPISTAS do Estado de Nova Iorque.
Mas, a divulgação da fotografia no Brasil, ficou restrita a poucos profissionais, a maioria dos quais estrangeiros que, aqui chegando, nela encontraram um novo e promissor meio de vida e por razões óbvias, procuravam guardar para si os “segredos” da nova arte...
Em 1842, a senhora HIPPOLYTE LAVENUE expôe daguerreótipos de sua autoria na Exposição Geral de Belas-Artes (na cidade do Rio de Janeiro), tornando-se assim a primeira mulher no mundo a expor fotografias num salão de arte, muitos anos antes que o processo começasse a ser exibido nos salões do Hemisfério Norte.
Em 1851, o Imperador atribui o título de “Photographo da Casa Imperial” aos retratistas LOUIS BUVELOT e PRAT. É a primeira vez que um soberano concede uma honraria a um fotógrafo! Entre 1851 a 1889, ele concedeu esse título a mais de duas dezenas de fotógrafos...
A partir da segunda metade do século XIX, imigrantes europeus trazem novas tecnologias ao país... Em 1853, começa a funcionar no Rio de Janeiro a primeira oficina de calótipo do país, dirigida por C. GUIMETE. O calótipo é o processo fotográfico que permite a reprodutibilidade – a obtenção de cópias das chapas.
A fotografia foi arrebatando interessados em todos os setores da vida daqueles anos “perdidos”... Os pintores, artistas do traço, aderiram ao movimento de que foi pioneiro o pintor alemão FRANCISCO NAPOLEÃO BAUTZ, chegado ao Brasil em 1839 e que logo em 1846 anunciava a sua adesão ao daquerreótipo, na loja que possuía na rua do Cano, 146 (atual rua Sete de Setembro, no Rio de Janeiro), cujo anúncio comercial possibilita reconhecermos a rápida evolução técnica e do equipamento que já permitia fosse cumprido seu papel em apenas um minuto.
Desde então passaram a surgir as oficinas que tiravam e vendiam retratos, em fumo e coloridos, e os professores de fotografia, e os especiais fotógrafos aos quais o Imperador permitia o uso das armas imperiais na fachada da oficina, como foi possível conhecer ali pela rua dos Latoeiros, depois rua de Gonçalves Dias, na capital.
W. R. Williams, Beauvelot, Duprat, Guilherme Telfer, os húngaros Birany e Kornis, e outros mais contribuíram para o conhecimento e evolução da técnica na Corte brasileira e o crescimento dos especialistas em fotografia...
Atualmente, o Arquivo Histórico reúne importantes documentos manuscritos e iconográficos referentes à nossa história e divididos em coleções, como a “Coleção Família Imperial”, compreendendo 1.445 documentos de diversas procedências, relacionados aos Imperadores D. Pedro I e D. Pedro II e respectivos familiares.
São gravuras e álbuns de fotografias com retratos da realeza e nobreza da época, vistas de cidades brasileiras e estrangeiras... Assim como documentos pessoais, como os exercícios de caligrafia de D. Pedro II, de correspondência entre membros da família imperial e outros, além de homenagens como poesias, sonetos, hinos ou músicas dedicados a membros da família.
Ateliê fotográfico de 1870. Autor desconhecido...
Legal ver como a turma está evoluindo. as aulas continuam ótimas e muito descontraídas.
ResponderExcluirLaélia Rodrigues